Palestras Qunticas geral

 

Em 2025 é celebrado o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas. O ano foi reconhecido pela Unesco e aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em junho de 2024, conforme pode ser visto no site oficial https://quantum2025.org/ . Neste contexto, visando promover ações na temática que alcancem diferentes públicos e envolvam amplos setores da sociedade em articulação com especialistas, grupos e instituições que atuem nas áreas de educação formal e não formal, o CIF realizará uma série de palestras sobre diversos tópicos de Física Quântica. As "Palestras Quânticas do CIF" serão voltadas para o grande público, e ocorrerão no Auditório do CIF ao longo dos semestres letivos de 2025.

 

Comissão organizadora

  • Alexandre Dodonov
  • José David Mangueira Viana
  • Helena de Souza Bragança Rocha
  • Olavo Leopoldino da Silva Filho

 

Apoio

 

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Certificados

 

Os participantes que tiverem presença em pelo menos 75% das palestras receberão um certificado de participação. A presença será controlada através de preenchimento de um pequeno formulário pelo FORMS-365 da UnB, a ser disponibilizado no dia da palestra.

 

Programação

 

    • 31 de outubro de 2025
      Prof. Osvaldo Pessoa Jr. (FFLCH - USP)
      Um olhar filosófico sobre superposições macroscópicas na Física Quântica
      Resumo: Um aparelho de medição pode entrar numa superposição quântica macroscópica? As interpretações ortodoxas tendiam a considerar esta pergunta irrelevante, pois o corte entre o observador e o objeto quântico poderia se dar em qualquer ponto entre os dois. Surgiram porém algumas interpretações realistas radicais que defendiam que sim, como a visão subjetivista de London & Bauer (1939) e a dos estados relativos de Everett (1957). Abordagens objetivistas nos anos 1950-60 negavam esta possibilidade, e com a noção de decoerência induzida pelo ambiente, desenvolveu-se um argumento contra a possibilidade de superposição macroscópica de aparelhos de medição (Zeh, 1970). Mesmo assim, mais recentemente, Rovelli postulou que um aparelho quântico em um sistema isolado poderia estar numa superposição da perspectiva de um observador externo, em sua interpretação relacional. Utiliza-se o argumento de que a visões objetivistas têm que introduzir uma nova física, para além da equação de Schrödinger. Para iluminar toda essa discussão, farei um resumo da pesquisa a respeito de superposições quânticas macroscópicas de sistemas isolados (que não são usados como aparelhos de medição). Partiremos da noção de “desconectividade” de Leggett (1980), visitaremos o experimento de Devoret, Martinis & Clarke (que ganhou o prêmio Nobel deste ano), as superposições de macromoléculas com mais de 2000 átomos do grupo de Marcus Arndt, e experimentos optomecânicos que atingem superposições quânticas em vibrações mecânicas, através de excitações por fótons únicos.

      Ao vivo em: https://www.youtube.com/@cifunb 
      Pedroza insta

       

    • 3 de outubro de 2025
      Prof. Ademir E. Santana (CIF - IF - UnB)
      Prigogine, Schönberg e Bohm: Impactos na Física Quântica e na Física no Brasil
      Resumo: O objetivo do seminário é abordar aspectos em comum e os impactos de alguns trabalhos em física dos Professores Ilya Prigogine, Mário Schönberg e David Bohm. O período é o início da guerra fria, no qual algumas questões fundamentais para a física eram: o desenvolvimento da física da matéria condensada (com a física do estado sólido e a física atômica e molecular) e a física subatômica (com a física nuclear e a física de partículas elementares, que surgia). Naquele contexto geopolítico, o entendimento do significado de “quantização” e o desenvolvimento da teoria cinética, com o controle dos efeitos de temperatura e da física de plasma, eram centrais. Prigogine, com o chamado grupo de Bruxelas, na Universidade Livre de Bruxelas (ULB) desenvolve o conceito de complexidade e de dinâmica de correlações (clássica e quântica não relativísticas) para tratar em especial do problema da teoria cinética quântica, com aplicações em plasma; ganha o Nobel em química em 1977. Schönberg, em 1948, vai trabalhar no grupo de raios cósmicos na ULB; já era famoso internacionalmente por seus trabalhos sobre o assim conhecido limite Schönberg-Chandrasekhar para as supernovas e o chamado efeito Urca (observado experimentalmente em 1987). Em Bruxelas, Schönberg interage com Prigogine e seu grupo. Seguindo um caminho em paralelo ao de Prigogine, explora o conceito de espaço de Fock (a segunda quantização) associado à teoria cinética. Estes trabalhos tiveram impacto importante na química de reações e processos estocásticos. Além disso, em certa medida e em mais de duas décadas, anteciparam o formalismo algébrico para as teorias quânticas de campos a temperatura finita (relativísticos ou não-relativísticos) conhecido como dinâmica dos campos térmicos (em inglês: thermofield dynamics); incluso nessa antecipação está o limite clássico. Schönberg, depois de cinco anos em Bruxelas, retornou ao Brasil em 1953. Assumiu então a Diretoria do Departamento de Física da FFCL-USP, que tinha como visitante o Professor David Bohm, vindo de Princeton. Como já apontado na literatura, a presença do Professor Bohm na USP, enquanto uma forte liderança na física internacional e recebendo visitantes de fora do país, coloca a física do Brasil na discussão mundial sobre o problema da quantização. E em certo sentido, mas ainda pouco explorado na história da física do país, as discussões entre Schönberg e Bohm, na USP refletiam duas visões filosóficas sobre a noção de realismo físico e determinismo. Essas perspectivas estavam tocando problemas que ainda não foram completamente resolvidos, principalmenteno âmbito da física atômica e subatômica, como os processos de confinamento, o problema da irreversibilidade versus reversibilidade e a natureza do conceito de emaranhamento, fundamental para novas tecnologias quânticas. Contudo, no decorrer das décadas, entre tantos avanços que surgiram, alguns estiveram sobre os pilares das perspectivas que apontavam para a noção de campo e o substrato ontológico de simetria; nisto reside, por exemplo, o conceito de álgebra-geométrica associado a quantização, como introduzida por Schönberg e explorada por Bohm e coautores, e o espaço de Fock-Schönberg intimamente conectado à dinâmica de campos térmicos e a thermofield dynamics. A apresentação será mais historiográfica e pedagógica do que técnica, destacando os problemas ainda sem solução satisfatória na física.

      Palestra completa: https://www.youtube.com/live/c7FL4OZJtTE?si=bfKa5Y2hJvTTD5IS 
      Pedroza insta


    • 29 de agosto de 2025
      Prof. Adalberto Fazzio (CNPEM/ Ilum -Escola de Ciência)

      O João que ganhou dois Nobel
      Resumo: Em 1874 Ferdinand Braun encontrou um material retificador de corrente elétrica e, desde então, começou a busca por um dispositivo sólido amplificador ou bloqueador de corrente. Em 1911, Karmeling Omnes observou o fenômeno da supercondutividade. Entretanto, somente em 1947 foi inventado o transistor, esse dispositivo sólido, ansiosamente procurado. Dez anos depois, em 1957 foi dada a explicação microscópica da supercondutividade. Essas duas contribuições tiveram um protagonista em comum, John Bardeen. Bardeen foi indiscutivelmente o cientista/inventor mais influente de sua geração. Suas descobertas científicas foram reconhecidas com a outorga de dois prêmios Nobel. Tais descobertas resultantes de sua criatividade e talento inventivo revolucionaram a eletrônica e a informação. A manchete do principal jornal de Chicago ao anunciar seu segundo Nobel foi “John brilhante para os físicos e desconhecidos pelos outros”. Nesta palestra falarei um pouco da fantástica carreira de um típico pesquisador americano, tímido, que não apreciava badalações, que gostava de trabalhar em equipe e interagir com físicos experimentais. Não serão mostradas fotos do Bardeen mostrando a língua, nem tocando bongô, como outros famosos. A explicação microscópica da supercondutividade foi um dos problemas mais desafiadores da física, perseguidos por vários importantes físicos, inclusive Richard Feynman, mas cuja solução foi encontrada por Bardeen e colaboradores.

      Palestra completa: https://www.youtube.com/watch?v=ciCDPIihcDk 
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    • 27 de junho de 2025
      Prof. Olavo Leopoldino da Silva Filho (IF - UnB)

      Um panorama crítico de algumas interpretações da Mecânica Quântica
      Resumo: A Mecânica Quântica é reconhecida como uma das teorias mais bem sucedidas do ponto de vista de suas aplicações e desdobramentos tecnológicos. Entretanto, a despeito de já se terem passado cem anos de sua proposição mais sistemática, continuam a surgir interpretações (sua semântica) do seu aparato formal (sua sintaxe) sem que se consiga chegar a um consenso sobre qual dessas propostas seria a mais adequada. O número de interpretações propostas é imenso, com grandes diferenças sobre o mundo que propõe, ou seja, sobre a ontologia que a cada uma dela subjaz. Nessa palestra, que comemora os 100 anos da proposição da equação de Schrödinger, um marco na sistematização da Mecânica Quântica, iremos apresentar apenas algumas dessas interpretações a partir das apresentações feitas pelos seus próprios proponentes. Sem intenção de sermos exaustivos, apresentaremos as bases da interpretação de Copenhagen (na versão defendida por Werner Heisenberg - 1927), da interpretação de David Bohm de Variáveis Escondidas (1952), da interpretação de Hugh Everett III da função de onda universal ou dos estados relativos (1957), da interpretação estatística de Leslie Ballentine (1970) e da interpretação estocástica de Luis de la Peña (1982). Apresentaremos um posicionamento crítico relativamente a cada uma dessas abordagens, buscando mostrar que cada uma delas lança mão de construtos semânticos que não encontram correspondente no aparato sintático da teoria, ao mesmo tempo que indicamos em que medida isso pode ser um problema (dimensão epistemológica).

      Palestra completa: https://www.youtube.com/live/hp335PlTfeI?si=y2cZBR_-tUuKol14 
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    • 6 de junho de 2025
      Prof. Antonio Carlos Pedroza (IF - UnB)

      O Nobel de 1998: W. Kohn, J. A. Pople e o desenvolvimento da DFT e da Química Quântica
      Resumo: A Mecânica Quântica é a teoria apropriada para descrever os fenômenos microscópicos. Na sua formulação ortodoxa, ela pode ser obtida a partir de um pequeno número de Postulados. Contudo, para ser de fato aplicável é necessário adicionar a esses postulados, princípios, teoremas, lemas, novas definições, além de utilizar métodos matemáticos aproximativos. Nesta palestra, nós iremos apresentar as contribuições de John Pople e de Walter Kohn que tornaram realistas os resultados proporcionados pela Mecânica Quântica para o estudo das propriedades dos átomos, moléculas, sólidos, resultando na construção da Química Quântica e da Teoria do Funcional da Densidade (DFT).

      Palestra completa: https://www.youtube.com/live/zZlNDrUjfOQ?si=U-ww0qTB7bzT4d1R 
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    • 4 de abril de 2025
      Prof. Olival Freire Júnior (CNPq e DF-UFBA)

      Física Quântica: um gigante com os pés de barro 
      Resumo: A física quântica é considerada a mais precisa e mais bem sucedida teoria da física, com aplicações científicas e tecnológicas diversificadas, as quais incluem as expectativas de usos desta teoria física no campo do processamento da informação. No que pese tais êxitos e a confiança que os físicos têm nesta teoria científica, não se atingiu um consenso quanto aos seus fundamentos e à sua interpretação, isto é, a relação da estrutura matemática com o mundo físico. A ausência deste consenso tem incomodados físicos eminentes. Serão apresentadas tanto uma visão panorâmica dos êxitos da física quântica quanto as incertezas sobre seus fundamentos.

      Palestra completa: https://www.youtube.com/live/HdqA8wV2Zrc?si=Gi0POWVp_zsCP4Xj 
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